O primeiro mês

Tanta ansiedade, para chegar aqui e um mês já se passou! Se eu pudesse resumir em uma frase eu diria: o melhor mês que passei nos últimos tempos.

Mas não estou dizendo por aventuras ou momentos exclusivos que vivi, ou que longe da minha família eu fico bem. Não é nada disso. Quero dizer que num geral, eu vivi muitíssimo bem, como nunca experimentei.

Limpar privada é foda, mas nunca pensei que isso pudesse me render tanta qualidade de vida como rendeu. Em um mês eu fiz U$1500, isso sem fazer horas extras, ou trabalhar nas folgas, ou second-job. De modo que dessa grana eu paguei U$400 de aluguel (que já me inclui energia, água quente, internet e mobília), paguei meus devidos impostos americanos, e ainda me sobrou grana pra comprar uma boa câmera, um iPod novo, um PSP, muita roupa, (coisas ainda não postadas no blog) comer e beber muitíssimo bem, tudo sem passar vontade de nada.

Vivendo na gringa

O problema desse um mês passado foi ter caído na rotina. Stratton é isolado de outras coisas, e Vermont é um estado composto praticamente por rodovias, o que torna complicado se divertir se não for dentro do alojamento. O que de certa forma é bom, nos faz economizar dinheiro e a não engordar comendo fast-food e pizza todos os dias.

A cultura aqui é mesmo diferente do que estamos acostumados. Eu nunca comi tanto pão, ovos e pizza. São coisas realmente muito comuns que fazem parte do cotidiano americano. Existem pães de todos os jeitos por aqui, exceto o francês, claro. Ovo vai em tudo, e eles comem mesmo bacon, ovos, torradas, cream cheese e linguiça (que eles chamam de salsicha) no café da manhã todos os dias. Pizza aqui é massa, molho e mussarela, e depois você só escolhe o que quer por cima, pagando por ingrediente. E não venha esperar um frango com catupiry, o negócio aqui é pepperoni (nosso salame sem gordura), linguiça, cogumelo (de verdade, não em conserva), pimentão, bacon, carne moída e até abacaxi! De qualquer forma passar fome por aqui é muito difícil. Tirando no resort, onde as coisas são naturalmente mais caras, comer aqui é muito barato. Como uma McOferta que custa U$4, ou até mesmo um sanduíche do Subway. Ainda assim, existem aquelas máquinas de bebidas e comidas por toda parte, assim como nos filmes. Basta colocar uma nota de U$1 e forrar sua barriga com alguma porcaria (pra gente, porque pra eles é refeição mesmo). Caso queira comer algo rápido e barato em casa, existem as opções de comida enlatada ou congelada. Refeições essas que custam o mesmo U$1 da máquina, que podem ir desde o macarrão à bolonhesa, até ao bife ao molho madeira com purê de batatas. Basta colocar no micro-ondas e se divertir. Isso acaba restringindo a variedade, mas aí é só colocar a mão na massa (e no bolso) e cozinhar algo mais engajado.

Trabalhando na gringa

Como eu disse, a rotina já bateu. Acordar cedo todos os dias para trabalhar é praticamente automático. Até porque, nem tudo é só comprar, vamos arrumar algo pra ganhar dinheiro né!

Temos basicamente 3 tipos de tarefas ao longo do dia - do mais demorado ao mais rápido: os TurnOvers que são os de troca de hóspedes (a primeira galera já saiu com outra pronta pra entrar), os StayOvers só mantém o que ja foi limpo antes dos hóspedes entrarem (fazer camas e trocar toalhas) e por fim os CheckArrival que é só conferir se tá tudo em ordem (num apartamento que já foi limpo) pro povo chegar, tal como deixar as luzes acesas.

Limpar banheiro não é lá muito divertido. Fazer cama então, vão 2 lençóis, 1 cobertor e 1 edredom que vai uma capa ainda. E ainda tem que fazer tudo nos padrões exigidos. Só fico curioso de onde esse povo tira tanto frio pra usar tanto pano pra dormir, sendo que é tudo aquecidinho legal. Eles precisam conhecer o calor de Presidente Prudente, aí eu quero ver.

Meu time aparentemente ficou fixo agora depois de algumas mudanças estranhas. Mas continuo com a mesma formação de países: líder Jamaicana e mais duas peruanas. Minha líder é muito legal, sossegada de tudo. Conta várias piadas e fala muito sobre a vida e a família dela na Jamaica. As duas peruanas falam em espanhol e dão risada o tempo todo. Tentam falar em português o tempo todo, ficam me repetindo e perguntam o que significa depois. Eu tento colocar o pouco que sei em prática, mas a pronúncia é muito difícil. Elas ajudam bastante, e me falam as diferenças entre os tipos de espanhol.

Os hóspedes num geral são muito simpáticos e educados. Num primeiro momento, nós os cumprimentamos se vemos eles pelos apartamentos, corredores e elevador. Se nos vemos novamente, eles reconhecem, cumprimentam e alguns até conversam, mesmo que seja para pedir toalhas extras. Alguns perguntam de que país somos, se estamos gostando ou se já esquiamos. Aí rola uma small talk na boa.

Os piores que pegamos até agora foram de japoneses. Definitivamente o povo mais porco que já vi. Cozinha, banheiro e quarto, quase não reconhecemos quando começamos a limpar, e quando terminamos. Os americanos num geral são só bagunçados. Espalham as coisas pelo chão todo, e não é por menos que vivem deixando algo para trás, como roupas e até games de portáteis. É muito bom quando encontramos gente organizada e limpa. Por mais que limpar e arrumar seja nosso trabalho, não consigo entender como conseguem fazer tanta bagunça e ainda dormir em cima disso. E eles trazem muita bagagem. Coisa que eu trouxe pra passar os 3 meses aqui, é apenas uma das malas que cada pessoa trás pra passar 3 dias. Fora comida, que eles deixam muito pra trás também. O país por si só produz muito lixo. Todos os dias tiramos sacos e sacos de lixo que eu nem quero saber pra onde vai.


É cansativo? Sim, fisicamente. Vale a pena? Sim, tive tudo que quis até então, só não faria isso meu estilo de vida como fazem os Jamaicanos. Se algum dia eu fizer esse programa de intercâmbio novamente, não será para trabalhar de housekeeper.




Eu provavelmente teria mais coisas para contar aqui, mas o post já ficou muito grande, além de eu não lembrar agora. Espero que tenham gostado dos detalhes.

1 comentários:

Unknown disse...

oiii
valeu pelo post, depois de vários dias sem nada...rs (abria td dia)
ë mto bom ler o q vc tem feito ai, contando sua experiencia, e torcendo p q tenha algo novo.
p vc pode ter tornado rotina, mas p nos q acompanhamos e torcemos por vcs é sempre bom ler.
Abraços

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